Duplicação da Travessia Urbana deve ser concluída em 2023, com atraso de 6 anos

Deni Zolin

Duplicação da Travessia Urbana deve ser concluída em 2023, com atraso de 6 anos
Foto: Deni Zolin (Diário)

No contrato do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) com os dois consórcios responsáveis pela duplicação da Travessia Urbana, consta o prazo de conclusão: junho de 2023. Porém, já é a quinta vez que a data não é cumprida. Inicialmente prevista para ser concluída em três anos, em dezembro de 2017, a obra acumula prorrogações. Completou recentemente 8 anos, com 97% dos trabalhos prontos, andando só 2,5% nos últimos 12 meses. Mas ainda não há certeza de quando será, definitivamente, finalizada.

Iniciada em 16 de dezembro de 2014, ainda no governo Dilma Rousseff (PT), a duplicação dos 14,5 km sofreu, ano após ano, com repasse de verbas abaixo do esperado. Até 2017, quando os R$ 309 milhões deveriam ter sido liberados, só chegaram cerca de 60% dos recursos, o que provocou atraso. A lentidão durante os governos Dilma e Temer (MDB) prosseguiu também no governo Bolsonaro (PL).

Os dois consórcios entraram, no final de 2022, com pedido de indenização por atraso de obra, alegando que tiveram custos a mais para manter os canteiros de obras por 5 anos a mais do que o previsto em contrato. O Dnit ainda não concluiu a análise do pedido. Nos últimos anos, as dificuldades financeiras de algumas das empresas dos consórcios, como Sogel e Sultepa, também atrapalharam o andamento das obras, reduzindo o número de funcionários e máquinas e dificultando até a compra de materiais. Como estão em recuperação judicial e com dificuldade de crédito, elas não conseguem comprar insumos a prazo, só à vista, segundo fontes no Dnit.

O Diário tentou contato inúmeras vezes com as empresas do consórcio, mas elas alegam que não podem se pronunciar e que é só o Dnit que fala sobre a obra. Mas afinal, o prazo será cumprido? Na realidade, é quase impossível para as construtoras concluírem tudo até junho de 2023, principalmente no trevo da Uglione, no entroncamento das BRs 392, 287 e 158 com a Avenida Hélvio Basso.

Primeiro, é preciso concluir o segundo viaduto da Uglione. O içamento das vigas, previsto para dezembro, atrasou novamente. Deve ocorrer em janeiro. Como é preciso colocar grandes guindastes no canteiro central para erguer as vigas sobre os pilares, não é possível fazer antes as escavações para construir as trincheiras e um segundo viaduto pequeno da rotatória da Uglione. Portanto, só após esse içamento é que estará liberado o local para prosseguir as escavações dessa trincheira, que ficará na área central do trevo e fará o trânsito no sentido Itaara-São Sepé e vice-versa, sem a necessidade de parada. Porém, dificilmente será possível concluir isso tudo e o viaduto da rotatória até junho.

A escuridão no local à noite e as placas de sinalização sujas de poeira, que não refletem mais a luz dos faróis, deixam o trânsito perigoso.

– Geralmente, a gente acaba antecipando a saída de casa para chegar ao trabalho. Considerando os engarrafamentos, a gente sai 10, 15 minutos ou mais antes de casa, principalmente m horário de pico. Isso é algo que infelizmente temos de conviver e tentar manter a paciência, já que é uma obra que a gente sabe que é para melhorar o trânsito. Mas está demorado. Falta sinalização e controle de velocidade, condições da pista. O pedestre sofre mais para atravessar a via. Na rótula do trevo, falta sinalização. Quem chega primeira vai – diz Pablo dos Santos Nascimento, morador de um condomínio junto ao viaduto da Uglione.

A um quilômetro dali, há outro nó a ser desatado. A passagem inferior da Urlândia, que vai ligar a Rua Orlando Fração ao bairro, por baixo da BR-287, está com as obras muito lentas. Segundo o Dnit, 40% do serviço está feito, mas, no local, pouco se vê. A perspectiva do Dnit é que até junho, a obra esteja concluída. Atualmente, o tráfego passa por um desvio lateral, e um quebra-molas embaixo da passarela deixa o trânsito bem lento, com longos congestionamentos em horário de pico.

Após vários atrasos, nova previsão é que vigas do segundo viaduto da Uglione (acima) sejam içadas em janeiro, permitindo a conclusão ainda no 1º semestre de 2023. Porém, só após erguer as estruturas será possível prosseguir com a escavação das trincheiras (ao lado), onde ficarão as pistas para o trânsito no sentido São Sepé-Itaara e vice-versa. Por ali, passarão as carretas da safra de grãos e demais veículos.

A terceira grande obra que ainda falta é a passagem inferior da Rua Capitão Vasco da Cunha, entre os viadutos da Walter Jobim e da Santa Marta. É outra obra que iniciou há anos e segue inacabada. Em 2022, foi liberado o trânsito só em uma pista acima da passagem inferior, no sentido Santa Maria-São Pedro do Sul. Mas a obra segue muito lenta, faltando concluir o aterro das outras pistas. Essa é outra obra que pode ser concluída ao longo do primeiro semestre de 2023, mas ainda sem data exata.

– É uma pena, pois a obra se arrasta há muitos anos. E faz uma parte e para outra. Atrapalha o trânsito, fica difícil entrar para a Vila Rossi. Fica perigoso atravessar aqui à noite, está toda hora arriscando, pois tem de ir pelo meio da pista, tem desnível que o pedestre pode cair, e o próprio farol dos carros ofusca a visão – diz Helvio dos Santos de Almeida, porteiro, 64 anos, que mora perto da obra da passagem inferior da Rua Capitão Vasco da Cunha.

Além dessas três grandes obras que faltam ser concluídas, os consórcios precisarão terminar também a passarela do bairro São João, perto da Vasco da Cunha, revitalizar a passarela da Urlândia, concluir a iluminação, calçadas e acabamentos das obras e colocar uma última camada de asfalto e a sinalização em alguns trechos da duplicação.

O deputado federal Paulo Pimenta (PT), que se licenciou para assumir como ministro chefe da Secretaria de Comunicação do governo Lula, acompanha a obra desde o início. Na última sexta, ele afirmou que vai lutar pela conclusão da obra e acredita que será possível entregar 100% da duplicação ainda em 2023.

A atual situação das obras de duplicação

Lote 1 (do Castelinho à reta da Urlândia)

Valor já investido – R$ 137,8 milhões

Valor que falta para concluir – R$ 6 milhões

O que já foi concluído

Viaduto do Castelinho

Passarela da Vila Floresta

Viaduto do Cerrito

Segundo viaduto da Faixa Nova (rodoviária)

Viaduto da Duque de Caxias

Primeiro viaduto da Uglione

Duplicação das pistas

Iluminação (precisa ser religada)

Calçadas e acabamentos

O que falta concluir

Segundo viaduto da Uglione (sentido Urlândia-Duque). Está 90% pronto

Segundo viaduto da Rotatória da Uglione

Trincheira da Uglione (pista escavada, no sentido Itaara-São Sepé e vice-versa)

Lote 2 (da Urlândia ao Arroio Taquara)

Valor já investido – R$ 162,2 milhões

O que falta para concluir – R$ 3 milhões

O que já foi feito

Duas pontes do Arroio Taquara

Duas pontes do Arroio Ferreira

Viaduto da Tancredo Neves e Parque Industrial

Viaduto da Santa Marta

Viaduto da Walter Jobim e Faixa de Rosário

Duas pontes do Arroio Cadena

Passagem inferior do Patronato (novo shopping)

Duplicação das pistas

Passarela em frente à fábrica da Coca-Cola

O que falta concluir

Passagem inferior da Vasco da Cunha – 85% pronta

Passarela do Bairro São João

Passagem inferior da Urlândia – 40% pronta

Duplicações e iluminação

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